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Meio ano de atraso na implementação da lei que prevê distribuição de absorventes para população de baixa renda de POA

A distribuição deveria ser feita pela prefeitura através das escolas e unidades básicas de saúde. Fizemos um pedido de informação para saber o porquê do atraso e um pedido de providência para que a lei seja implementada com urgência.

Pobreza, falta de saneamento básico adequado, casas sem banheiro apropriado, são as principais causas da pobreza menstrual. Entre comprar um pacote de feijão e um pacote de absorventes, qual você escolheria? Já pensou sobre isso?

Imagina todos os meses, tu passar de 3 a 7 dias sangrando e não ter material adequado para estancar o sangue?! Como você se sentiria?

É uma questão de saúde pública, pois para evitar a proliferação de fungos deve-se trocar o absorvente de algodão a cada quatro horas. Já para um absorvente interno, a indicação é trocar a cada três horas, a depender do fluxo. Os coletores menstruais e absorventes de pano podem ser usados por anos desde que feita a higiene adequada, sendo que estes últimos seriam as opções mais sustentáveis, porém, é necessário habitar uma residência com água encanada e ter tempo para realizar o uso e a higienização correta. Se a opção for por absorventes descartáveis, em média em um ciclo comum será necessário utilizar seis absorventes por dia, durante cinco a sete dias, chegando ao total de 30 a 42 absorventes.

Cada pacote com 8 absorventes custa em torno de R$7,00. Então, o gasto mínimo mensal é de R$24,00. Se numa casa tem mais de uma pessoa que menstrua esse gasto é ainda maior. Absorventes não serão uma prioridade, então muitas pessoas usam jornais, meias velhas, panos, miolo de pão, plástico.

Todas essas questões objetivas impactam diretamente a autoestima e a socialização das pessoas que passam por essas situações. No âmbito escolar, as pessoas que menstruam deixam de ir as aulas durante 3 ou 4 dias todo os meses. Assim, essas pessoas têm uma notória desvantagem nos estudos, sendo essa uma situação que viola direitos humanos, incorrendo em diversos problemas, desde a evasão escolar, a falta de equidade nas relações de gênero, até atingir à saúde, causando doenças físicas e mentais que podem inclusive levar à morte, como é o caso da síndrome do choque tóxico¹.

A visibilidade dessa pauta é muito importante, o tabu em torno do sangue menstrual é real e tem impactado profundamente gerações de pessoas. Quando falamos em independência e dignidade menstrual é sobre conhecer seu corpo, seus ciclos, sobre saber os seus direitos e exigi-los.

Enquanto não tivermos uma sociedade igualitária, que respeite a diversidades das vidas humanas precisaremos construir políticas públicas que atentem para a independência menstrual como uma medida de saúde preventiva de forma urgente.

PELA IMEDIATA IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA DE SAÚDE MENSTRUAL NAS ESCOLAS E NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE.

¹https://www.unicef.org/brazil/media/14456/file/dignidade-menstrual_relatorio-unicef-unfpa_maio2021.pdf

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