É uma vergonha que em meio a crise que vivemos a ação do governo Melo tem sido de coerção da população de rua. Internações compulsórias foram denunciadas pelo Conselho Municipal de Saúde essa semana.
O desmonte da assistência social veio com força no governo Marchezan e até agora o governo Melo tem seguido a mesma agenda. As vagas em abrigos são insuficientes, o desmonte e sucateamento dos aparelhos de saúde mental, como por exemplo o fechamento do Hospital Álvaro Alvim (que, pasmem, foi comprado pela Melnick) a constante precarização do Postão da Cruzeiro (PACS), os hospitais gerais dificultando o acesso as internações de Saúde Mental, o SAMU, de maneira verticalizada, simplesmente deixando pessoas em situacão de crise nas portas dos CAPS, sobrecarregando ainda mais estes serviços que não contam com estrutura, equipe e equipamentos para atendimento de acordo com a demanda e complexidade destes casos, além de já ser responsável por um grande número de atendimentos de Saúde Mental no território, com prerrogativa contrária às internação compulsórias arbitrárias.
A relação do governo Melo com os setores neopentecostais na Câmara, que tem um viés manicomial e anti-reforma psiquiátrica, que encontram nas comunidades terapêuticas (conhecidas como Fazendas) um lugar de cooptação via religião e relação financeira com o Estado podem explicar esse tipo de política.
Os números de pessoas em situação de rua que a prefeitura apresenta são subnotificados, enquanto apresentam o número em torno de 2 mil pessoas, a professora da UFRGS Maria Gabriela Godoy questiona, visto que no último quadrimestre de 2022, o relatório da Secretaria Municipal de Saúde registrava 9.307 cadastros de pessoas em situação de rua atendidas pelas quatro equipes de Consultório na Rua.*
As pessoas querem casa, dignidade, emprego, direitos sociais.
Antes de mais nada deveríamos efetivar e ampliar a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), contratar mais profissionais qualificados e concursados pra saúde mental.
Poderíamos abrir os imóveis desocupados no centro da cidade para um projeto de transição enquanto se pensa uma política eficiente para que as pessoas tenham lugares para viver, que consigam reconstruir suas vidas.
Para as construtoras poderem lucrar com a cidade, as pessoas pobres são expulsas do território. A segurança que a sociedade reivindica perpassa encararmos de frente o problema da crise econômica, da desigualdade social, do direito a terra, de acesso aos equipamentos públicos e ao trabalho digno.
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