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Estratégia da prefeitura pode estar gerando grave subnotificação da Covid-19 em Porto Alegre

Falta de testagem e salto nos números de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) chamam a atenção e preocupam

“Marchezan, o Bolsonaro dos pampas”. Infelizmente, isso pode soar como elogio para alguns; mas aqui a régua é a inépcia para lidar com a crise sanitária que vivemos em decorrência do COVID-19. Nem os mais fervorosos apoiadores de Bolsonaro acreditam que ele faz um bom trabalho; aliás, a reunião ministerial gravada e tornada pública bem demonstra o completo descaso com a questão.

Nesse ponto, alguns prefeitos e governadores têm sido elogiados por sua atuação; na prática, porém, há casos que tão somente ocorrem porque o padrão de comparação é a incompetência do Governo Federal. Marchezan (e Eduardo Leite, é bom frisar, embora o foco aqui seja a Administração Municipal) é o exemplo típico.

Nos últimos dias, tem-se discutido o relativo controle da pandemia em Porto Alegre. Conforme os dados públicos, porém, há uma relação direta entre a maior quantidade de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em relação àquelas por COVID-19 e a testagem da população para a COVID-19. O gráfico que ilustra essa postagem mostra que Porto Alegre está no topo dessa listagem. Conforme o jornalista Marcelo Soares, “No canto superior esquerdo, estão as capitais que testam pouco Covid e têm alta proporção de mortes atribuídas à SRAG. No canto inferior direito, capitais que testam bem Covid e têm baixa proporção de mortes por SRAG”.

Basicamente, isso significa que Porto Alegre está adotando a mesma estratégia do Governo Federal: tapando os olhos para não ver as mortes por COVID-19. No caso, deixando de testar e, assim, subnotificando como projeto de Governo a efetiva incidência do vírus na nossa população.

Analisando o Boletim COVID-19 nº 77/2020 da Secretaria de Saúde de Porto Alegre, verifica-se que houve verdadeiro salto de atendimentos por síndrome gripal nas unidades de saúde de Porto Alegre em 2020, comprovando que a questão está relacionada com a COVID-19. A título exemplificativo, o número de pacientes atendidos nas unidades de atenção primária por síndromes gripais, em maio de 2019, foi de 257; em maio de 2020 pulou para 1.199. Já nos registros de óbitos, em todo estado do Rio Grande do Sul, verifica-se que, de 16 de março a 8 de junho, tivemos 18 óbitos por SRAG em 2019; em 2020, pulou para 94.

Enquanto isso, ao invés de intensificar o combate à pandemia e a testagem ao vírus, o único plano de Marchezan é demitir os trabalhadores do IMESF e terceirizar ilegalmente o serviço público. Os “modos” do prefeito podem ser um pouco menos grosseiros, mas a tentativa de destruição dos serviços públicos e a inaptidão no combate à pandemia são idênticas às de Bolsonaro.

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