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Censura e Racismo: A tentativa de cercear a militância negra dentro das escolas do município.

Recentemente fui impedida de palestrar numa escola da rede municipal de ensino por consequência de um decreto absurdo do Governo Melo. A fala da diretora foi engasgada de angústia, medo e tristeza e abrindo um parênteses, nós não fazemos ideia da pressão e assédio que alguns professores e diretores estão enfrentando de reacionários e da própria SMED.

O convite era pra tratar das funções exercidas dentro da Câmara e a importância da representatividade para subverter os índices de sub-representação de mulheres, negros e em especial mulheres negras dentro dos espaços da política. Quem tem medo dessa pauta?!

Sou professora de formação, licenciada para ocupar o cargo de vereadora, e minha formação política desde a universidade se deu no debate e nas ações diretamente nas comunidades, nas escolas, nos espaços da juventude e do movimento negro.

Esse decreto visa inviabilizar justamente a continuidade da política militante que me trouxe até aqui.

Poder falar DE e PARA mulheres negras, jovens trabalhadores em formação, que já estão na batalha do cotidiano, que a política é instrumento de transformação. Quem vai até a nossa gente falar disso?!

Infelizmente a lei que premia com o Selo Escola Antirracista segue a mesma normativa: ter que pedir autorização do governo de plantão. Quem negocia um absurdo desse?!

Estamos no mês da Consciência Negra, do “Novembro Negro”, e nossa militância comprometida com o fim do racismo estrutural, ou seja, com a revolução, há de perceber a gradual perda de autonomia daquilo que temos de mais precioso que é o nosso MOVIMENTO livre de idéias e ações.

Foi a indignação e rebeldia que nos trouxeram até aqui, não as permissões do Senhor de Engenho, e como muito bem nos diz Angela Davis “a liberdade é uma luta constante“. Avançamos na representatividade, mas estamos perdendo nossa autonomia. Bora refletir sobre?

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