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Construindo pontes para fortalecer a luta das mulheres que batalham

Roda de conversa na Restinga debateu política, retirada de direitos, opressões e importância da luta das mulheres

A potência da nossa coletividade transformou a praça do Condomínio Jardim Paraíso, na Restinga, em espaço de desabafo, escuta, reconhecimento e construção de ideias e ações. A tarde deste domingo, 1º de novembro de 2020, foi um bonito e importante fôlego para a Campanha do Povo que Batalha.

Mulheres de vários cantos de Porto Alegre se uniram para conversar sobre os problemas da cidade e as opressões que sofremos. Karen Santos, candidata a vereadora pelo PSOL, e Fernanda Melchionna, candidata a prefeita pelo PSOL, denunciaram as injustiças e o descaso daqueles que estão no poder somente em benefício próprio.

Sentimos na pele os efeitos da crise agravados pela pandemia: a falta de renda é um dos principais, que não passou nem perto de ser resolvida com o auxílio emergencial. Muita gente que precisava não conseguiu receber, por conta de uma assistência social sucateada de propósito pelo governo municipal de Marchezan, e da burocracia criada pelo governo Bolsonaro.

A falta da renda tem nome e sobrenome: desemprego e trabalho precário. As mulheres fazem o que podem para se virar, sustentar a família, mas há pouco espaço no mercado de trabalho, e quando há, é sem direitos. Através da terceirização, somos contratadas e descartadas sem respeito algum, e as empresas caloteiras seguem concorrendo à licitação e perdoadas pelos governantes.

A negação e violação de direitos são permanentes. O racismo é desculpa para salários baixos, desumanização e preconceito escancarado. O transporte, que já era ruim, piorou com a pandemia, com redução de linhas como Alimentadora, muita aglomeração e riscos de contágio. A moradia irregular, conquistada com tanta luta, é negligenciada pela prefeitura, que deixa famílias sem água encanada e esgoto, sem luz e coleta de lixo. As moradias do Minha Casa, Minha Vida têm problemas, e as famílias estão correndo risco em construções de má qualidade.
Dentro de casa, também há sufoco, desde a violência doméstica até a tripla jornada de trabalho, estudo e cuidados com a família e a falta de creches, que nos sobrecarrega e impede de ter tempo livre. Os filhos, na maioria das vezes totalmente sob nossa responsabilidade, são motivo de alegria, mas também muita preocupação, por causa de um presente difícil e um futuro incerto.

Por tudo isso, plantar sementes de resistência tem sido a saída que encontramos juntas. Nós botamos fé na mobilização, em pensar juntas saídas e soluções, em exigir o que é nosso por direito. Seja através de protestos na rua, abaixo-assinados, organização nos locais de trabalho, estudo e moradia ou atos em instituições públicas que deveriam nos atender.

A política é espaço para as mulheres, sim. Nela tem lugar para o grito, para a revolta, e também para a mão estendida que mostra que não estamos sozinhas. A solidariedade é uma característica do nosso povo, e a organização e união das mulheres e homens que batalham é o caminho para transformarmos esse mundo pelas nossas mãos.

1 resposta em “Construindo pontes para fortalecer a luta das mulheres que batalham”

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